domingo, 26 de outubro de 2008

Poema de Bocage "E Vós, Crédulos, Mortais, Alucinados"


Vós, crédulos mortais, alucinados
De sonhos, de quimeras, de aparências
Colheis por uso erradas consequências
Dos acontecimentos desastrados.
Se à perdição correis precipitados
Por cegas, por fogosas, impaciências,
Indo a cair, gritais que são violências
De inexoráveis céus, de negros fados.
Se um celeste poder tirano e duro
Às vezes extorquisse as liberdades,
Que prestava, ó Razão, teu lume puro?
Não forçam corações as divindades,
Fado amigo não há nem fado escuro:
Fados são as paixões, são as vontades.
Bocage

E Vós, Crédulos, Mortais, Alucinados

Bocage


Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, no dia 15 de Setembro de 1765. Neto de um Almirante francês que viera organizar a nossa marinha, filho do jurista José Luís Barbosa e de Mariana Lestoff du Bocage, cedo revelou a sua sensibilidade literária, que um ambiente familiar propício incentivou. Aos 16 anos assentou praça no regimento de infantaria de Setúbal e aos 18 alistou-se na Marinha, tendo feito o seu estágio em Lisboa e embarcado, posteriormente, para Goa, na qualidade de oficial.
Ainda novo, começou os estudos entrou na aula régia de gramática do padre espanhol D. João de Medina, e ali aprendeu a língua latina. No ano de 1779 assentou praça de cadete no regimento nº 7 de infantaria de Setúbal, indo estudar em Lisboa aos 14 anos de idade. Na "Academia Real de Marinha", Bocage recebeu a sua educação científica. Aos 18 anos, alistou-se na Marinha, tendo feito o seu estágio em Lisboa e embarcando em 1786 para Goa, Índia, na condição de oficial. Na sua rota para a Índia, a bordo da nau "Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena", passou pelo Rio de Janeiro, onde se encontrava o futuro Governador de Goa. Nesta cidade, teve oportunidade de conhecer e de impressionar a sociedade da época. Regressou a Portugal em Agosto de 1790.
Na capital, vivenciou a boémia lisboeta, frequentou os cafés que alimentavam as ideias da revolução francesa, satirizou a sociedade estagnada portuguesa, desbaratou, por vezes, o seu imenso talento. A sua peculiar experiência de vida, a irreverência, a extroversão, a emotividade, a frontalidade, a ironia, a percepção aguda da realidade e o imenso talento que o caracterizavam, de imediato, garantiram uma legião de admiradores incondicionais. Em 1791, publicou o seu 1º tomo das Rimas. No início da década de noventa, aderiu à "Nova Arcádia", uma associação literária, controlada por Pina Manique, que metodicamente fez implodir. Efectivamente, os seus conflitos com os poetas que a constituíam tornaram-se frequentes, sendo visíveis em inúmeros poemas cáusticos.
Nesta fase da sua vida, Bocage, além da poesia lírica, compôs poemas de carácter satírico contemplando pessoas do regime, tipos sociais e o clero, fato que não agradou obviamente ao poder. Então em 1797, acusado de heresia, dissolução dos costumes e ideias republicanas, foi implacávelmente perseguido, julgado e condenado, sendo sucessivamente encarcerado em várias prisões portuguesas. Ali realizou traduções de grandes nomes como Rousseau e Voltaire, o que o ajudou a sobreviver ao sair, posteriormente, da prisão. Ao recuperar a liberdade, graças à influência de amigos, e com a promessa de criar juízo, o poeta, envelhecido, abandona a boémia e impondo aos seus contemporâneos uma nova imagem: a de homem arrependido e digno
Bocage foi vítima de sua própria fama e dos preconceitos que despertou, passando a vida a ser perseguido pela censura de um país de aristocracia decadente, aliada a um clero corrupto. Muitos versos foram cortados, outros ostensivamente alterados. Num de seus versos, o poeta mostra seu anseio desesperado: "Liberdade, onde estás? Quem te demora?". Em meio de versos coloquiais, Bocage mostra o seu individualismo, seu conflito entre o amor físico e a morte, sua morbidez e atracção pelo horror. Evitando as imagens estereotipadas dos arcaicos e o rebuscamento dos barrocos, consegue formalizar suas vivências numa linguagem concisa e equilibrada , um estilo muito pessoal que o torna verdadeiramente um "clássico" da língua portuguesa. Esse carácter subjectivo da poesia de Bocage, que faz do próprio "eu" o centro do universo poético, torna-o um precursor das tendências românticas, que embora já contagiassem o resto da Europa, mal se esboçavam no seu tempo em Portugal
Como satírico, expôs as mazelas de seu tempo em uma linguagem quase sempre pesada. Os seus alvos preferidos eram os poderosos, mas também não poupou seus colegas de Academia. Mas sua produção satírica foi marcada principalmente, pela temática sexual.
Diante disso tudo, Bocage tornou-se um dos poetas mais importantes do século XVIII e, apesar de ter deixado fama de grande satírico e improvisador, a sua obra coloca-o como um dos melhores sonetistas líricos de toda a literatura portuguesa.Em redor de uma atmosfera de melancolia e privações, que se tornou sua vida após a liberdade, em 21 de Dezembro de 1805 falece Bocage, vítima de um aneurisma, aos 40 anos.
Títulos e edições principais da obra poética de Bocage:
Rimas, 3 volumes, Lisboa 1791, 1799 e 1804;
Obras Completas, Rio de Janeiro, 1811
Rimas, 4º volume (precedido de um discurso sobre a vida e escritos do poeta por José Maria da Costa e Silva), Lisboa, 1812;
Rimas, 5º volume, Lisboa, 1813;
Rimas, 6º volume, Lisboa, 1814;
Obras poéticas (7 volumes), Lisboa, 1849-50;
Poesias (6 volumes), edição de Inocêncio Francisco da Silva, com um estudo de Rebelo da Silva, Lisboa, 1853;
Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, Lisboa, 1854;
Poesias (Selecção - Colecção Clássicos da Sá da Costa), Lisboa 1942;
Sonetos e Poesias Várias, com prefácio de Vitorino Nemésio, Colecção Clássicos Portugueses, Lisboa, 1943;
O Livro das Fábulas, Lisboa 1930, com ilustrações de Julião Machado;
Obras Escolhidas (2 volumes) com prefácio e notas de Hernâni Cidade e ilustrações de Lima de Freitas, Lisboa, 1969;
Opera Omnia (3 volumes) publicados sob a direcção de Hernâni Cidade, Lisboa 1969-70;
Poesias de Bocage com prefácio de Margarida Barahona na Colecção Textos Literários, Serra Nova, Lisboa 1981;
Antologia Poética, selecção e introdução de Mª Antónia Carmona Mourão e Mª Fernanda Pereira Nunes, Bib. Ulisseia de Autores Portugueses, Lisboa.

Pesquisas:

http://pt.wikipedia.org/wiki

http://images.google.pt/images


Reflexão sobre a ficha Correlação de Person




Com esta ficha aprendi que vivemos numa sociedade onde quase tudo se correlaciona.
Nunca antes tinha sequer pensado na Correlação de Person, e nem me apercebia que várias coisas do dia a dia existem e acontecem porque alguém já fez estudos científicos para que possa viver na sociedade com mais qualidade de vida. A internet, a televisão a escola e até os electrodomésticos das nossas casas, e como tudo é mais fácil, pois estudos, estatísticas entrevistas, etc; conseguiram melhorar todos esses meios tão essenciais para nós. Nunca tinha pensado na importância que existe nas entrevistas, quando me telefonam para casa por exemplo e me pedem opinião sobre determinados assuntos, achava uma chatice. Mas agora penso de maneira diferente. A ficha ajudou-me bastante.
Aprendi que para ter sucesso na vida, não basta ter talento. Não nascemos para ser o presidente de um banco, um grande atleta ou um reconhecido actor. Chegamos ao topo apenas após muito esforço e treino. E não é qualquer simples esforço: tem de ser cansativos e, se possível, penosos.